RESISTÊNCIA EM VERSOS
UMA LEITURA DIALÓGICA-DISCURSIVA DO SLAM ESTATÍSTICA, DE JÉSSICA PRETA
DOI:
https://doi.org/10.21680/1984-3879.2025v25n2ID41913Palavras-chave:
Poesia slam, escrevivência, dialogismo, resistência, Jéssica PretaResumo
O presente artigo analisa o poema Estatística, de Jéssica Preta, a partir da Teoria Dialógica da Linguagem, concebendo o slam poetry como gênero discursivo de resistência. A investigação parte da compreensão de que a linguagem, segundo Bakhtin e o Círculo, é prática social marcada pela responsividade e pela interação entre múltiplas vozes. Nesse sentido, o poema é interpretado como um ato ético e político que confronta discursos hegemônicos e denuncia as violências de gênero naturalizadas socialmente. A partir de uma abordagem documental e interpretativista, observa-se como o texto poético ressignifica dados estatísticos e transforma números em enunciados de denúncia e reexistência. A análise evidencia que a escrita de Jéssica Preta se aproxima da noção de escrevivência proposta por Conceição Evaristo, constituindo-se como um gesto de resistência e afirmação das experiências das mulheres negras e periféricas. Assim, o slam se revela como um espaço dialógico de luta, expressão e transformação, reafirmando o poder da palavra como instrumento ético, estético e político.
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