RESISTÊNCIA EM VERSOS

UMA LEITURA DIALÓGICA-DISCURSIVA DO SLAM ESTATÍSTICA, DE JÉSSICA PRETA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1984-3879.2025v25n2ID41913

Palavras-chave:

Poesia slam, escrevivência, dialogismo, resistência, Jéssica Preta

Resumo

O presente artigo analisa o poema Estatística, de Jéssica Preta, a partir da Teoria Dialógica da Linguagem, concebendo o slam poetry como gênero discursivo de resistência. A investigação parte da compreensão de que a linguagem, segundo Bakhtin e o Círculo, é prática social marcada pela responsividade e pela interação entre múltiplas vozes. Nesse sentido, o poema é interpretado como um ato ético e político que confronta discursos hegemônicos e denuncia as violências de gênero naturalizadas socialmente. A partir de uma abordagem documental e interpretativista, observa-se como o texto poético ressignifica dados estatísticos e transforma números em enunciados de denúncia e reexistência. A análise evidencia que a escrita de Jéssica Preta se aproxima da noção de escrevivência proposta por Conceição Evaristo, constituindo-se como um gesto de resistência e afirmação das experiências das mulheres negras e periféricas. Assim, o slam se revela como um espaço dialógico de luta, expressão e transformação, reafirmando o poder da palavra como instrumento ético, estético e político.

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Biografia do Autor

Priscila Nunes Brazil, Universidade Federal de Campina Grande - Campina Grande - Paraíba - Brasil

Doutoranda e Mestra na área de Estudos Linguísticos pelo Programa de Pós-graduação em Linguagem e Ensino da Universidade Federal de Campina Grande (PPGLE/UFCG). Especialista em Linguagens e suas Tecnologias pela Universidade Federal do Piauí e em Educação e Tecnologias Digitais pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Licenciada em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Campina Grande. De 2021 a 2023 integrou comissões destinadas à reformulação dos currículos nas esferas estadual e federal. Foi professora de Língua Portuguesa e Linguística na Faculdade de Linguística, Letras e Artes da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Atualmente, é docente de Produção textual e Análise linguística do Ensino Médio no Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Desenvolve pesquisas tendo como referências teórico-metodológicas estudos da Teoria Dialógica da Linguagem (Círculo de Bakhtin), sob a concepção de linguagem enquanto práticas sociais, históricas e culturais de interações discursivas. Integra o Grupo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Educação, Linguagem e Práticas Sociais (UFCG/CNPq) e o Grupo de pesquisa Linguagens, Enunciações e Responsividades (LER/UFCG). Tem interesse em pesquisa nas seguintes temáticas: Ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa; Análise Dialógica do Discurso; Formação Docente; Pedagogias Decoloniais; Relações Étnico-raciais e de Gênero na/para as Língua(gens).

Laura Isabela Souza Bellarmino Ximenes, Universidade Federal de Campina Grande

Doutoranda em Linguagem e Ensino pelo Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino (PPGLE), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na linha de pesquisa Estudos Linguísticos: práticas sociais, históricas e culturais de linguagem. Mestra em Literatura e Interculturalidade pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade (PPGLI), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), na linha de pesquisa Literatura e Estudos Interculturais. É especialista em Letras – CELIP/Linguística (UEPB) e graduada em Letras e Artes pela mesma instituição (2010). Atua como professora de Linguagens, com ênfase em Produção Textual e Literatura, em cursinhos pré-vestibulares e instituições da rede privada de ensino em Campina Grande (PB), desde 2007. É professora efetiva da Rede Estadual de Ensino da Paraíba desde 2018, desenvolvendo suas atividades na ECIT Professor Bráulio Maia Júnior. Suas pesquisas concentram-se nos estudos do Círculo de Bakhtin, na Poesia Slam, nas relações entre o Sagrado e a Literatura, no papel do Narrador e na obra do escritor português José Saramago.

Roberta Andrade Meneses, Universidade Federal de Campina Grande

Mestre em Linguística Aplicada pelo Programa de Pós-Graduação em Lingua(gem) e Ensino da Universidade Federal de Campina Grande (2015); Especialista em Fundamentos da Educação e Práticas Pedagógicas pela Universidade Estadual da Paraíba (2014); graduada em Letras pela Universidade Federal de Campina Grande (2013), tendo sido monitora bolsista da disciplina de Linguística I por dois semestres, bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-Letras) (CAPES) (MEC SESu) por três anos, leitora especialista (2012) da obra Análise Linguística ? Afinal, a que se refere? ? publicada pela editora Cortez (São Paulo). Seus trabalhos de pesquisa se situam na grande área da Linguística Aplicada, com foco maior dirigido ao ensino de Língua materna, notadamente, em escrita acadêmica e em gêneros tipicamente acadêmicos. Desde 2013, é professora Efetiva de Língua Portuguesa do Estado da Paraíba.

Adlene Pereira de Andrade, Universidade Federal de Campina Grande

Jornalista Pós-graduada, dedicada à pesquisa em Direitos Humanos, Letramento Racial e Letramento Crítico. Sua fundação teórica reside no Círculo de Bakhtin para a análise e desconstrução crítica do discurso. Possui ainda especialização em Gestão de Negócios.

Referências

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Publicado

22-12-2025

Como Citar

BRAZIL, Priscila Nunes; ISABELA SOUZA BELLARMINO XIMENES, Laura; ANDRADE MENESES, Roberta; PEREIRA DE ANDRADE, Adlene. RESISTÊNCIA EM VERSOS: UMA LEITURA DIALÓGICA-DISCURSIVA DO SLAM ESTATÍSTICA, DE JÉSSICA PRETA. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e Educação, [S. l.], v. 25, n. 2, p. BHK19, 2025. DOI: 10.21680/1984-3879.2025v25n2ID41913. Disponível em: https://www.periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/41913. Acesso em: 23 dez. 2025.

Edição

Seção

DOSSIÊ: Teoria Dialógica do Círculo de Bakhtin em foco: estudos sobre práticas sociais, históricas e culturais de linguagem

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