Chatgpt

ideologias codificadas e o olhar bakhtiniano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1984-3879.2025v25n2ID42031

Palavras-chave:

inteligência artificial, docência, dialogismo

Resumo

O avanço das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) tem ampliado sua presença em práticas sociais e educacionais, destacando-se o ChatGPT como uma das ferramentas mais difundidas. Partindo da premissa de que nenhum discurso é neutro, o estudo analisa os enunciados produzidos por essa IA com base na Teoria Dialógica da Linguagem (TDL), de Mikhail Bakhtin, a fim de compreender como ideologias são refratadas em suas respostas. O objetivo é investigar de que maneira o ChatGPT reproduz e potencializa visões sociais e estereótipos naturalizados, especialmente aqueles associados à docência e a questões de gênero. A fundamentação teórica discute conceitos relacionados à IA generativa, à linguagem como fenômeno social e ao dialogismo, destacando a influência dos dados de treinamento, construídos historicamente, nos enunciados gerados. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de natureza interpretativa, baseada na análise de respostas obtidas por meio de prompts que solicitam a descrição da rotina docente. A análise evidenciou que, mesmo sem marcadores explícitos, o modelo tende a reforçar representações idealizadas da profissão, atribuindo-a predominantemente às mulheres e reproduzindo valores missionários e vocacionais. Conclui-se que o ChatGPT não atua como ferramenta neutra, mas como participante ativo na circulação e manutenção de discursos sociais, tornando imprescindível uma utilização crítica no campo educacional. Assim, a reflexão sobre IA e linguagem deve considerar não apenas seus benefícios, mas também seus impactos ideológicos na construção de sentidos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Amanda Lopes Bezerra, Universidade Federal de Campina Grande

Doutoranda em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande. Mestre em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande, especialista em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, especialista em Docência com ênfase na Educação Inclusiva pelo Instituto Federal de Minas Gerais e graduada em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Campina Grande. Tem interesse em temas relacionados à Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada, Inteligência Artificial no ensino, uso das tecnologias na educação e formação docente.

Alisson dos Santos, Universidade Federal de Campina Grande

Graduado em Letras, Língua Portuguesa, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Durante a graduação, participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), no qual desenvolveu pesquisas sobre a transposição didática de práticas de linguagem no ensino remoto e o retorno ao ensino presencial, com foco nas experiências exitosas. Atualmente, está no mestrado em Linguagem e Ensino, na área de concentração em Estudos Linguísticos, pela mesma instituição. Desenvolve pesquisas nas práticas históricas, sociais e culturais, com ênfase na análise do discurso.

Gabriele da Silva Santos, Universidade Federal de Campina Grande

Possui graduação em Letras - Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Campina Grande (2023). Durante a graduação, foi bolsista do programa institucional de bolsas de iniciação científica (PIBIC-FAPESQ/PB), assim como atuou como professora residente de Língua Portuguesa no Ensino Médio pelo programa de Residência Pedagógica (CAPES). Atualmente, cursa mestrado em Linguagem e Ensino pela Universidade Federal de Campina Grande. Seus estudos se debruçam sobre a Análise do Discurso, especificamente em pesquisas ancoradas na Teoria Dialógica da Linguagem e na concepção de Redes Sociais Digitais como ambientes comunicativos propícios para a Interação Discursiva.

Referências

BAKHTIN, Mikhail Mikháilovitch. Para uma filosofia do ato responsável. Martins Fontes, 2003 [1920-1924].

COELHO, Teixeira. “Inteligência Artificial, ética artificial”. In: COZMAN, Fabio Gagliardi; PLONSKI, Guilherme Ary; NERI, Hugo. (Org.). Inteligência Artificial: avanços e tendências. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados, 2021, p. 69-96.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ed. São Paulo: Atlas, 2008.

KAUFMAN, Dora. Desmistificando a inteligência artificial. Belo Horizonte: Autêntica, 2022.

SICHMAN, Jaime Simão. “Inteligência Artificial e sociedade: avanços e riscos”. Estudos Avançados, v. 35, n. 101, p. 37–50, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/c4sqqrthGMS3ngdBhGWtKhh. Acesso em: 5 fev. 2025.

SOUZA, Ana Laura Bonini Rodrigues de. Professoras de gerações distintas (1938-1985) frente às representações impostas sobre mulheres na docência: uma análise histórica. Marília: Oficina Universitária, São Paulo: Cultura Acadêmica, 2024.

VOLÓCHINOV, Valentin Nikoláievitch. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2018 [1929].

Downloads

Publicado

22-11-2025

Como Citar

BEZERRA, Amanda Lopes; SANTOS, Alisson dos; SANTOS, Gabriele da Silva. Chatgpt: ideologias codificadas e o olhar bakhtiniano. Saberes: Revista interdisciplinar de Filosofia e Educação, [S. l.], v. 25, n. 2, p. BHK03, 2025. DOI: 10.21680/1984-3879.2025v25n2ID42031. Disponível em: https://www.periodicos.ufrn.br/saberes/article/view/42031. Acesso em: 22 dez. 2025.

Edição

Seção

DOSSIÊ: Teoria Dialógica do Círculo de Bakhtin em foco: estudos sobre práticas sociais, históricas e culturais de linguagem

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.