O DISCURSO DA ORGANIZAÇÃO ATOMWAFFEN DIVISION (DIVISÃO DE ARMAS NUCLEARES) SOB A ABORDAGEM DA METALINGUÍSTICA E DA CRIMINOLOGIA CULTURAL
DOI:
https://doi.org/10.21680/1984-3879.2025v25n2ID42036Palavras-chave:
Metalinguística, Criminologia Cultural Brasileira, Divisão de Armas Nucleares, NeonazismoResumo
Fundada em 2013 por Brandon Clint Russell, a Divisão de Armas Nucleares é uma organização aceleracionista, cujo discurso é parte de uma subcultura neonazista. Cada enunciado opera, discursivamente, pela estética paramilitar e pela doutrinação racista, ressignificando o ódio em missão voltada à eliminação do outro visto como ameaça. O objetivo é analisar três enunciados publicados na página oficial dessa organização, com a finalidade de compreender como (re)produzem, em discurso, avaliações e sentidos que firmam coesão interna e pertencimento subcultural. O aporte teórico propõe um diálogo interdisciplinar entre a Metalinguística e a Criminologia Cultural Brasileira, porque o fenômeno criminoso, nesta proposta, é concebido como ato de linguagem que se organiza em gêneros do discurso que integram a subcultura de terror neonazista. A metodologia é planejada na seleção de um enunciado verbal e dois visuais com estes critérios: 1) apologia ao nazifascismo; 2) exaltação do paramilitarismo; 3) atualidade histórica. Os resultados integrais permitem compreender que, na escolha de signos como a suástica, a farda, o nacional-socialismo, o soldado, a máscara de caveira, os enunciados cumprem uma função social de estabelecer coesão interna e pertencimento subcultural por entre os membros da organização, uma vez que ressignificam a violência como dever moral e a destruição do outro como missão heroica. Observando isso, nesse universo de avaliações e sentidos, a organização preconiza e legitima a aceleração do colapso civilizacional.
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