Corpos que dançam nas ruas e encarnam desejos:
o "passinho dos maloka" na ordem do erotismo
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2025v12n23ID39018Palavras-chave:
Erotismo, Sexualidade, Passinho dos Maloka, Corpo, Masculinidade alternativaResumo
Este artigo analisa o ‘‘passinho dos maloka’’, focando nos corpos dançantes que usam as ruas como espaço político de afirmação e expressão de sexualidade. O objetivo é investigar como as performances articulam território, sexualidade e erotismo, desafiando normas sociais enquanto se readequam a demandas mercadológicas. A metodologia é a netnografia, aplicada a vídeos dos perfis @frajolaaofc e @robertinhoficial_ no Instagram. Com base em Bataille (2017), Butler (2015) e Soares (2021), os resultados indicam que o erotismo explícito funciona como transgressão e veículo da performance. Argumenta-se que a dança constrói uma “masculinidade alternativa”, subvertendo normas hegemônicas pela intimidade física entre homens e por gestos feminilizados (o rebolado). Conclui-se que, embora configure resistência, essa performance é imediatamente agenciada como capital erótico/sexual e comercializada no Instagram, transformando o corpo ‘‘maloka’’ em mercadoria de influência.
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