Plataformização e "cuidado de si":
Uma Análise Etnográfica dos Intercâmbios Sexuais e Econômicos em Belém do Pará
DOI:
https://doi.org/10.21680/2446-5674.2025v12n23ID39016Palavras-chave:
Cuidado de Si, Esquinas virtuais, Trabalho sexual, Plataformização, interseccionalidadeResumo
Este artigo apresenta um recorte de uma pesquisa de mestrado de caráter etnográfico sobre o trabalho sexual nas “esquinas virtuais” de Belém do Pará. A análise qualitativa baseia-se em entrevistas em profundidade com três mulheres, entre 24 e 35 anos, moradoras de bairros periféricos, complementadas pela observação de seus perfis em plataformas digitais. O texto discute como a “plataformização” do mercado sexual redefine práticas, oferecendo maior flexibilidade e controle, mas também gerando novas vulnerabilidades, como a vigilância algorítmica, o risco de vazamento de conteúdo, a sobrecarga emocional ligada à gestão da intimidade e a instabilidade financeira. A partir de uma perspectiva interseccional, examinam-se os atravessamentos de raça e classe nas performances e estratégias de autopreservação das interlocutoras. As práticas de "cuidado de si" emergem como tecnologias do eu ambivalentes: se expressam agência diante do estigma, também operam como práticas de autogoverno alinhadas às exigências do mercado, articulando liberdade e sujeição.
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Referências
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