Representações de Maquiavel em livros didáticos brasileiros de História

(corpus de 1871-2013)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1983-2109.2025v32n69ID33692

Palavras-chave:

Maquiavel, Livros didáticos, História

Resumo

O presente texto traz à baila os resultados do exame das representações do pensamento de Maquiavel em livros didáticos brasileiros de História. O corpus se cinge ao material disponível no acervo do Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMAD) do Departamento de História da Universidade de São Paulo em 2018. As interpretações acerca de Maquiavel estampadas nas 51 obras analisadas foram divididas em três categorias: “Renascentista”, “Maquiavélica” e “Absolutista”. Constatou-se a longevidade da difusão do “Maquiavel maquiavélico” nas escolas. Notou-se que as referências à sua identidade renascentista também são antigas, mas só se tornam a principal informação dos livros analisados entre as décadas de 1950 e 1970. A partir de 1970 se fortalece a leitura absolutista do filósofo florentino. Dos anos 1980 em diante surgem interpretações alternativas a estas três visões recorrentes, avançando teses novas nos materiais escolares, teses que circulavam nas universidades brasileiras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernanda Salgueiro, Doutoranda em Filosofia na Universidade de São Paulo

Bacharela em Direito (PUC-SP) e Filosofia (USP), mestra em História Social (USP) e doutoranda em Filosofia (USP) com pesquisa focada no pensamento de Maquiavel.

Patrícia Fontoura Aranovich, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

É professora da Universidade Federal de São Paulo. É doutora em Filosofia pela Universidade de São Paulo e pela Universidade de Paris X - Nanterre. Possui mestrado em Filosofia (1997) e graduação em Ciências Sociais (1992) pela USP. Orienta o Grupo de Pesquisa "Res Publica". É membro do conselho editorial e parecerista da revista Cadernos de Ética e Filosofia Política. É também responsável pela supervisão e revisão técnica das obras de Maquiavel publicadas pela Martins Fontes. Tem experiência nos seguintes temas: republicanismo, história, renascimento, ética e filosofia política.

Referências

ALVES, Dalton José. O espaço da Filosofia no currículo do Ensino Médio a partir da nova LDB (Lei nº 9.394/96): análise e reflexões. Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, SP, 2000.

ARANOVICH, Patricia Fontoura. “Notas sobre as relações entre fim e meios em Maquiavel”. In: SALATINI, Rafael; ROIO, Marcos Del (Org.). Reflexões sobre Maquiavel. Marília: Oficina Universitária; São Paulo: Cultura Acadêmica, p. 21-36.

BALSAMO, Jean. « ‘Le plus meschant d'entre eux ne voudroit pas estre Roy’. La Boétie et Machiavel ». Montaigne Studies, 1999, n° 11, p. 5-27.

BEAME, Edmond. “The use and abuse of Machiavelli: the Sixteenth-Century French adaptation”, Journal of History of Ideas, vol. 43, v. 1, 1982.

BIGNOTTO, Newton. Maquiavel republicano. São Paulo: Loyola, 1991.

BOSI, Alfredo. “Cultura brasileira e culturas brasileiras”. In: Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p.308-345.

BROCANELLI, Cláudio Roberto. “O ensino de Filosofia no Brasil: história e perspectivas para o ‘filosofar’”. Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 9, n. 1, p. 43-61, jan.-jun. 2012. DOI: 10.5747/ch.2012.v09.n1.h116.

BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália: um ensaio. Trad. Vera Lúcia de Oliveira Sarmento e Fernando de Azevedo Corrêa. Brasília: Ed. UnB, 1991.

CARMINATI, Celso João. “(Des) Razões da retirada da Filosofia do Ensino Médio no Brasil”. Revista Linhas, v. 5, n. 2, p. 1-13, 2004. Disponível em: http://www.periodicos.udesc.br/ index.php/linhas/article/view/1225/1038.

CARTA, Paolo, “Les exilés italiens et l’anti-machiválisme français au XVIe siècle”, Laboratoire italien, 3, 2002. Disponível em: http://laboratoireitalien.revues.org/366. Acesso em : nov. 2022

CARPEAUX, Otto Maria. “Jacob Burckhardt: profeta da nossa época”, in: BURCKHARDT, J., A cultura do Renascimento na Itália: um ensaio, Brasília: Ed. UnB, 1991, p. v-xii.

DI CARLO, Josnei. “Maquiavéis brasileiros: notas sobre leituras de Maquiavel no Brasil”, Sergipe, Tomo, nº 33, 2018, p. 271-299.

DOMINGUES, Ivan. Filosofia no Brasil: legados e perspectivas. Ensaios metafísicos. São Paulo: Ed. Unesp, 2017.

FERREIRA, Jorge. “Uma versão para o futuro: Vargas, o maquiavélico”. In: BAGNO, Sandra; MONTEIRO, Rodrigo Bentes (Org.). Maquiavel no Brasil: dos descobrimentos ao século XXI. Rio de Janeiro: FGV, 2015, p. 253-273.

GARNER, Roberta. “Jacob Burckhardt as a Theorist of Modernity: Reading The Civilization of the Renaissance in Italy”. Sociological Theory, Vol. 8, No. 1 (Spring, 1990), pp. 48-57.

KELLEY, Donald. “Murd’rous Machiavel in France : a Post Mortem”, Political Science Quarterly, Vol. 85, No. 4 (Dec., 1970), pp. 545-559.

LASTRAIOLI, Chiara. “Quelques réflexions sur l’anti-machiavélisme dans la propagande anonyme manuscrite au temps des guerres de religion”, in: Cinquecento Plurale, 17 nov. 2009. Disponível em : http://www.nuovorinascimento.org/cinquecento/chiarmac.pdf. Acesso em : nov. 2022.

LEFORT, Claude. Le travail de l’oeuvre Machiavel. Paris: Gallimard, 1972.

SILVEIRA, M. A., “Reason of state and colonization: some conceptual and historiographical issues”, História (São Paulo), 2018.

MANOEL, Ivan A. “O ensino de História no Brasil: do Colégio Pedro II aos Parâmetros Curriculares Nacionais”. In: Conteúdos e Didática de História. São Paulo: Unesp; Univesp, 2012, p. 1-24. Disponível em: http://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/46194. Acesso em: 15 jun. 2023.

MAZAI, Norberto; RIBAS, Maria Alice Coelho. “Trajetória do ensino de Filosofia no Brasil”. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências Sociais e Humanas, Santa Maria, vol. 2, n. 1, p. 1-13, 2001.

MENEZES, Antonio Basilio N. T. de; SILVA, Roberto R. da. “O ensino da Filosofia no Brasil: descontinuidades e ameaças”. Revista Dialectus, ano 9, n. 19, ago.-dez. 2020, p. 225-238.

MORAES FILHO, Evaristo de. O ensino de filosofia no Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial; Ministério da Educação e Cultura, 1959. [Decimalia]

POCOCK, John. The Machiavellian Moment. Princeton: Princeton University Press, 1975.

SARDÁ, Daniela N. “A história do ensino da filosofia no sistema escolar francês e brasileiro”. Hist. Educ. (Online), Porto Alegre, v. 22, n. 56, set./dez. 2018, p. 187-206. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2236-3459/75689

SFEZ, Gérald. Raison d’État. Paris: Beauchesne Éditeur, 2020.

SILVA, Alexandra Lima da. “A carne do mercado: livros didáticos e o florescimento do comércio livreiro na cidade do Rio de Janeiro”. Revista Brasileira de História de Educação, vol. 14, núm. 1, enero-abril, 2014, pp. 223-249.

SILVEIRA, M.A., “Reason of state and colonization: some conceptual and historiographical issues”, História (São Paulo), 2018.

SKINNER, Quentin. The Foundations of Modern Political Thought. Cambridge: Cambridge University Press, 1978.

Downloads

Publicado

09-12-2025

Como Citar

SALGUEIRO, Fernanda; FONTOURA ARANOVICH, Patrícia. Representações de Maquiavel em livros didáticos brasileiros de História : (corpus de 1871-2013). Princípios: Revista de Filosofia (UFRN), [S. l.], v. 32, n. 69, 2025. DOI: 10.21680/1983-2109.2025v32n69ID33692. Disponível em: https://www.periodicos.ufrn.br/principios/article/view/33692. Acesso em: 16 dez. 2025.