A COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE E A LUTA CONTRA O NEGACIONISMO: O CASO CHAEL CHARLES SCHREIER ENTRE ARQUIVOS SENSÍVEIS E NARRATIVAS DE RESISTÊNCIA

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Resumo

O artigo insere-se no campo da justiça de transição e analisa os testemunhos e depoimentos registrados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) em correlação aos principais fundos arquivísticos sobre a ditadura militar, destacando convergências e contradições nas tentativas de reconstrução dos fatos ocorridos no período de exceção. Em paralelo a isso, busca compreender a articulação entre diferentes tipologias documentais pela CNV: relatórios militares, inquéritos policiais, prontuários do DOPS e fontes orais, como metodologia para o esclarecimento de graves violações de direitos humanos. Partindo do pressuposto de que estudos de caso podem ultrapassar as fronteiras de sua singularidade e refletir outros episódios semelhantes, analisa os acontecimentos que levaram à prisão, tortura e morte de Chael Charles Schreier. Nesse sentido, com base em uma discussão sobre verdade, materialidade e institucionalidade das fontes, são examinados testemunhos e documentos, identificando seus produtores, tipologias e conteúdos, dando ênfase aos documentos oficiais produzidos pelo próprio regime militar: o fundo arquivístico do Serviço Nacional de Informações (SNI) e os depoimentos de agentes e vítimas da repressão registrados pela CNV. Trata-se de uma estratégia interpretativa que busca apontar caminhos de enfrentamento ao negacionismo, em suas diferentes expressões, que se propaga na sociedade, sobretudo via fortalecimento das instituições de memória e informação que pautam o dever de lembrar.

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Biografia do Autor

Ana Claudia Ribeiro, UFSC, UFAM

Professora adjunta da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), curso de Arquivologia. Professora do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA). Doutora e Mestra em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduada em Biblioteconomia e Arquivologia. Atuou como pesquisadora da Comissão da Verdade em Minas Gerais (COVEMG). Atualmente, realiza estágio de pós-doutorado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no período de 2024 a 2025. É associada ao Grupo de Pesquisa Gestão da Informação e do Conhecimento na Amazônia (GICA) e à Rede Brasileira de Pesquisadores de Sítios de Memória e Consciência (REBRAPESC). Seus estudos concentram-se principalmente em arquivos de comissões da verdade, fontes de informação e organização e gestão da informação voltadas para os direitos humanos.

Icleia Thiesen, UNIRIO

Professora Emérita aposentada (UNIRIO). Pesquisadora e Professora Titular de Ciência da Informação da UNIRIO, em atuação no Programa de Pós-Graduação em História, através do PROPAP - Programa de Participação de Professores Aposentados). Possui graduação em Museologia (MHN,1972) e em Biblioteconomia e Documentação (Universidade Santa Úrsula,1980), especialização em Informação e Documentação Científica (UFRJ/IBICT,1987) mestrado e doutorado em Ciência da Informação (IBICT/UFRJ, 1992; 1997), pós-doutorado em Ciência da Informação na Université Paul Sabatier, Toulouse III (2007-2008). É pesquisador 1D do CNPq (desde 2012). Colaboradora no Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Biblioteconomia (2011-2018). Coordenadora Científica Adjunta da Rede Franco-Brasileira de Pesquisadores em Mediações e Usos Sociais dos Saberes e da Informação - Rede MUSSI. Líder do Grupo de Pesquisa Memória e Espaço. Coordenadora do Laboratório de História Oral, Informação e Documentação (LAHODOC). Coordenadora do GT Estudos Históricos e Epistemológicos da Ciência da Informação (ANCIB), de 2011-2012 e de 2013-2014; Parecerista ad hoc da Coleção SciELO Brasil e de outras revistas científicas. Foi membro da Comissão de Altos Estudos Memórias Reveladas (2012-2016). Tem experiência na área de Ciência da Informação, com ênfase nos estudos históricos e epistemológicos, atuando principalmente nos seguintes temas: Informação, memória, história; documentos sensíveis; memória institucional; usos do passado e paradoxos do esquecimento; regimes de informação, regimes de verdade, regimes de pós-verdade.

Fabrício José Nascimento da Silveira, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor do curso de graduação em Biblioteconomia e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Escola de Ciência da Informação (ECI/UFMG). Possui graduação em Biblioteconomia (2004), mestrado e doutorado em Ciência da Informação pelo PPGCI/UFMG (2007 e 2014). Foi professor do Curso de Graduação em Biblioteconomia (Bacharelado e Licenciatura) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO (2013-2014), Coordenador e Subcoordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação - PPGCI/UFMG, Coordenador Adjunto e Coordenador do GT10 - Informação e Memória da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciência da Informação (ANCIB) - biênios 2020-2021 e 2022-2023. Tem experiência nas áreas de Biblioteconomia e de Ciência da Informação, atuando principalmente nos seguintes temas: Bibliotecas públicas história, especificidades e funções sociais; Biblioteca pública e públicos subalternizados; Representações sociais, memória e identidade; Lutas políticas por memória e os paradoxos do esquecimento; História do livro e das bibliotecas; e, Informação e questões de gênero. 

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Publicado

19-09-2025

Como Citar

RIBEIRO, Ana Claudia; THIESEN, Icleia; SILVEIRA, Fabrício José Nascimento da. A COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE E A LUTA CONTRA O NEGACIONISMO: O CASO CHAEL CHARLES SCHREIER ENTRE ARQUIVOS SENSÍVEIS E NARRATIVAS DE RESISTÊNCIA. Mneme - Revista de Humanidades, [S. l.], v. 27, n. 50, p. 1–20, 2025. Disponível em: https://www.periodicos.ufrn.br/mneme/article/view/40319. Acesso em: 5 dez. 2025.