Educação, ontologia política e questões indígenas nas escolas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21680/1981-1802.2025v63n76ID40406

Palavras-chave:

Questões indígenas, Escolas, Virada ontológica, Multinaturalismo

Resumo

Este artigo articula a ontologia política – notadamente a proposição do multinaturalismo, proveniente da virada ontológica na Antropologia – ao campo da educação, a fim de repensar o lugar dos povos indígenas nas escolas. Partimos da compreensão das escolas como espaços de coexistência e tensão entre mundos e modos de vida distintos. A partir dessa fundamentação, analisamos três pontos sensíveis nas abordagens da temática indígena no contexto escolar: a noção de autenticidade, a relação com o Estado-nação e o pertencimento à terra. A análise demonstra que as lutas territoriais indígenas, em sua dimensão cosmopolítica, e o marco do multinaturalismo oferecem ferramentas potentes para a construção de práticas educativas anticoloniais. Tais práticas não apenas desafiam o excepcionalismo humano das ontologias ocidentais, mas também ampliam o imaginário político-pedagógico, configurando-se como contribuições essenciais para o enfrentamento do colapso ecológico.

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Biografia do Autor

Ana Paula Massadar Morel, Universidade Federal Fluminense

É Prof.ª Dr.ª do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense. É Líder do Grupo de Pesquisa Terra, Educação e Autonomias e integra o Grupo de Pesquisa Terranias

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Publicado

17-10-2025

Como Citar

Morel, A. P. M. (2025). Educação, ontologia política e questões indígenas nas escolas. Revista Educação Em Questão, 63(76). https://doi.org/10.21680/1981-1802.2025v63n76ID40406

Edição

Seção

Artigos