O cortesão e a dança

Autores

Palavras-chave:

Cortesão, Dança da Renascença, Orquesografia

Resumo

Este artigo explora a importância da dança renascentista no contexto cortesão, com ênfase na Orquesografia, tratado de danças de Thoinot Arbeau, publicado em Langres, França, em 1589. Inicialmente, traça-se um panorama sobre o resgate dessas danças para, em seguida, contextualiza-se a sua prática no universo cortesão renascentista, até o surgimento dos primeiros tratados de dança. Em seguida, apresenta-se um inventário conciso dos principais tratados sobre a arte da dança, produzidos entre a segunda metade do século XV e a primeira metade do XVII. Por fim, o artigo oferece um resumo do conteúdo da Orquesografia, destacando os trechos mais relevantes do tratado. Ao analisar como as danças renascentistas se integravam à etiqueta e aos valores da corte, no século XVI, o estudo revela o papel essencial dessas práticas na formação social e cultural da nobreza da época, demonstrando sua relevância histórica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mário Orlando Mendes Guimarães, Universidade Federal Fluminense, UFF

Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986), mestrado em Música Medieval e Renascentista pelo Early Music Program - Sarah Lawrence College EUA (1989). Ingressou no doutorado da ECA/USP em 2022, no programa de musicologia, com o trabalho intitulado: Um estudo crítico sobre a dança renascentista, fundamentado na Orquesografia de Thoinot Arbeau (1589). Na Universidade Federal Fluminense atua junto ao conjunto Música Antiga da UFF, especializado na execução musical de peças da Idade Média e do Renascimento, desde 1984. Realiza oficinas de viola da gamba, de danças da renascença e de prática de conjunto.

Referências

ARBEAU, Thoinot. Orchésographie et traicté en forme de dialogue ... Langres: Des Preys, 1589. Disponível em: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8610761x.r=Thoinot+Arbeau.langPT. Acesso em 28 mai. 2022.

ARENA, Antonius. Ad suos compagnones studiantes... Paris [Lyon]: Champion, [1531].

CAMPOS, Maria Alexandra Mendes Ribeiro Canaveira de. Tratados de dança em Portugal no século XVIII. 2014. Dissertação (Mestrado em Ciências Musicais) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2014. Disponível em: http://hdl.handle.net/10362/11979. Acesso em: 13 ago. 2025.

CAROSO, Fabritio. Il Ballarino. Venetia: Ziletti,1581.

Disponível em: https://imslp.org/wiki/Special:IMSLPImageHandler/68391%2Foefc. Acesso em: 30 mar. 2023.

CASTIGLIONE, Baldassare. Il Libro del Corteggiano. Venetia: Aldo Manuccio, 1528.

CASTIGLIONE, Baldassare. O Cortesão. Tradução de Carlos Nilson Moulin Louzada. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

CORNAZZANO, Antonio. The Book on the Art of Dancing = Libro Dell’arte Del Danzare. Tradução de Madeleine Inglehearn e Peggy Forsith. London: Noverre Press, 2011. Manuscrito disponível na Biblioteca Apostolica Vaticana, Codice Capponiano 203.

GRESLEY, Cherwell thy wyne (show your joy): Dances of fifteenth-century England from the Gresley manuscript. London: Dolmetsch Historical Dance Society, 2013 [ca. 1500].

GUIMARÃES, Mário Orlando Mendes. Um estudo crítico sobre as danças renascentistas, fundamentado na Orquesografia de Thoinot Arbeau (1589). 2025. Tese (Doutorado em Música) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2025. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-22012025-125958/publico/MarioOrlandoMendesGuimaraesoriginalPPGMUS13551191.pdf. Acesso em: 13 ago. 2025.

GUIMARÃES, Mário Orlando Mendes; LUCAS, Monica Isabel. Descrição e uso de instrumentos musicais na Orchésographie, de Thoinot Arbeau (1589). Revista Cidade Nuvens, Crato, v. 1, n. 9, p. 163-172, maio/jun. 2024. Disponível em: http://revistas.urca.br/index.php/rcn/issue/view/42/7. Acesso em: 13 ago. 2025.

KENDALL, G. Yvonne. Le Gratie d'Amore 1602 by Cesare Negri: Translation and Commentary. Califórnia, Estados Unidos: Stanford University, 1985. 2 v. Tese de doutorado.

NEGRI, Cesare. Nuove inventioni di balli. Milano: Bordone, 1604. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k135195k.r=NEGRI%2C%20Cesare.%20Nuove%20inventioni%20di%20balli?rk=21459;2. Acesso em: 13 ago. 2025.

PERRENET, Pierre. Etienne Tabourot, sa famille et son temps. Dijon: Raisant, 1926. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k97679829. Acesso em: 4 mai. 2022.

PIACENZA, Domenico. De arte saltandi et choreas ducendi. Ravenna: Longo, 2014 [ca. 1450-1460]. Edição e comentários Patrizia Procopio.

PISAURIENSIS, Guglielmus Hebraeus. De practica seu arte tripudii. 1463.

Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b105278918/f4.item. Acesso em: 28 mar. 2023.

PLAYFORD, John. The Dancing Master. London: John Walsh, 1651.

Disponível em: https://imslp.org/wiki/The_Dancing_Master_(Playford,_John). Acesso em: 12 fev. 2023.

[Descrição da imagem] A pintura intitulada "Grupo musical numa varanda" [Musical Group on a Balcony] foi produzida pelo holandês Gerrit van Honthorst (1590-1656) em 1622. Representa a cena de uma performance musical realizada por quatro cantores e três instrumentistas ladeados por uma arara e um cachorro, todos distribuídos ao redor de um balcão, observado desde um plano inferior. Os cantores e os instrumentistas vestem roupas coloridas, que contrastam com o céu azul claro com nuvens brancas que lhes faz fundo. Os quatro cantores se dividem em dois pares; um deles, de maior destaque na cena, se ocupa em ler um livro de partituras sustentado pela cantora, enquanto o outro, na margem esquerda, dirige seu olhar ao observador externo. Os três instrumentistas, dois tocando alaúdes e o outro uma teorba, trocam olhares entre si. O cachorro e a arara acompanham o segundo casal de cantores, encarando o observador externo. A perspectiva explorada pelo pintor possibilita criar a ilusão de que esse observador situa-se no meio da cena, como parte dela, num piso inferior do prédio onde ela acontece, ou seja, o observador externo dirige seu olhar de baixo para cima. As práticas musicais do Antigo Regime, com suas teorias e poéticas, foram bastante representadas em pinturas produzidas entre os séculos XVI, XVII e XVIII, e constituem o objeto de estudo que abordamos nas pesquisas que se fazem presentes neste dossiê. Por isso, a imagem nos parece oportuna para ilustrá-lo. A polivalência de sua leitura nos parece ainda mais oportuna, uma vez que nos possibilita, como músicos e pesquisadores do século XXI, nos projetarmos como "participantes" dessa cena, fazendo soar essas músicas no tempo presente; nos projetarmos como ouvintes, familiares ou estrangeiros em relação a essa prática de origem europeia, e com algum distanciamento submetê-la a análises e reflexões; ou ainda nos projetarmos como o elemento "exótico" da cena, como a arara vermelha levada das Américas à Europa, para pensar os processos históricos de colonização, aculturação e a participação da América Latina nas práticas culturais desse período. Por certo, essas projeções não são excludentes, pelo contrário, se somam e se multiplicam, e contribuem para a compreensão dos diversos elementos presentes nesse que parece ser um simples ato de cantar acompanhado, seja hoje, seja nos muitos tempos passados [Fim da descrição]

Downloads

Publicado

23-08-2025

Como Citar

GUIMARÃES, Mário Orlando Mendes. O cortesão e a dança. Diálogos Sonoros, [S. l.], v. 3, p. 1–19, 2025. Disponível em: https://www.periodicos.ufrn.br/dialogossonoros/article/view/39152. Acesso em: 14 dez. 2025.

Edição

v. 3 (2024)

Seção

Dossiê: Música e Retórica no Antigo Regime

Licença

Copyright (c) 2025 Diálogos Sonoros

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

A revista está licenciada sob a licença Creative Commons Atribuição – Não comercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0) que concede aos usuários a permissão para ler, fazer download, copiar, distribuir, imprimir ou referenciar o texto integral dos artigos sem solicitar previamente a autorização dos editores ou autores.